Caçador furtivo envenena 104 abutres no Distrito da Moamba

Pelo menos 104 abutres de espécies em perigo de extinção, dos quais 80 são de dorço branco (Gyps africanus) e 17 com capuz (Necrosyrtes monachus), foram deliberadamente envenenados, no último sábado, 24 de Fevereiro, em Mbashene, no Distrito da Moamba, Província de Maputo, por um cidadão de 62 anos de idade, natural de Magude, que responde pelo nome de Nelson Palate Machel.
Para lograr os seus intentos, o cidadão em causa, utilizou um veneno extremamente potente, numa carcaça de elefante onde pousam as aves, que ecologicamente são responsáveis por limpar os cadáveres de animais.
O autor confesso, foi capturado pela Polícia de Protecção dos Recursos Naturais e Meio Ambiente (PPRMNA), no dia seguinte, no povoado de Tombine–Sabié em Moamba, e conduzido ao Comando Distrital, para a instrução do processo crime.
Na altura da sua detenção, Nelson Palate Machel estava na posse de duas pontas de marfim e um frasco com o suposto veneno, mas nega seu envolvimento na morte dos 3 elefantes encontrados no local.
Algumas das aves estavam mutiladas, o que sugere a procura de partes de órgãos para práticas obscurantistas, porém as razões deste envenenamento, que não é o primeiro na zona, ainda estão a ser investigadas.
O que se sabe é que os abutres são deliberadamente envenenados para que não alertem as autoridades da presença de carcaças resultantes da caça furtiva e para as referidas práticas de obscurantistas.
Este incidente chama a atenção para a ameaça crescente do uso de venenos para matar os animais selvagens e neste caso os abutres, que já sofreram um declínio acentuado e superior a 80 por cento, nos últimos 30 anos, tratando-se de uma espécie vulnerável, devido aos seus hábitos de alimentação em cadáveres de animais mortos.
A ocorrência foi comunicada pelo operador da Incomati Conservancy, Dries Gows, à Administração Nacional das Áreas de Conservação, tendo esta mobilizado a PPRMNA da Província de Maputo, o Veterinário de Fauna, João Simões de Almeida do Sabié Game Park e o médico dos Serviços de Veterinária do Parque Nacional do Kruger, Louis Van Schalkwyk, para o reforço de fornecimento do antídoto com vista a salvar 17 aves que ainda estavam em vida. Estiveram ainda envolvidos Andre Botha da Endangered Wildlife Trust (EWT) e Piet Kok que também ajudaram na recuperação das aves.